sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A relíquia

Breve resumo

Teodorico vivia com uma velha tia, rica e temente a Deus. Para herdar a fortuna da sua tia, mostra-se falsamente devoto, pedindo-lhe que lhe financie uma peregrinação à Terra Santa, à qual a esta consente, pedindo-lhe que lhe traga uma recordação.
O sobrinho leviano parte e, na viagem, envolve-se com uma inglesa que, como recordação, dá-lhe um embrulho com a sua camisa de noite. Já de volta a Lisboa, Teodorico lembra-se do pedido da tia, tecendo uma coroa com ramos de um arbusto, que embrulhou e pôs na sua bagagem. Quando uma pobre mendiga pede-lhe esmola, este dá-lhe o embrulho que (pensava ele) continha a camisa, no entanto, já após ter relatado hipocritamente a sua viagem cheia de penitências e jejuns à tia e a uma audiência de sacerdotes e beatas, oferece o embrulho à sua tia, dizendo que este continha a coroa de espinhos e ficando todos espantados e insultados quando surge a camisa de noite da inglesa.
Este insólito episódio vale a Teodorico a expulsão de casa da tia e a perda da fortuna que ambicionava. Postumamente, apercebe-se que perdera a fortuna por falta de mais cinismo, pois se tivesse dito que aquela era a camisa de Santa Maria Madalena, teria ficado bem visto e herdado a fortuna,


Este romance é uma sátira humorística à hipocrisia (representada por Teodorico, o exemplo da nova geração) e ao fanatismo religioso (representado pela tia do protagonista). O auge da representação da hipocrisia faz-se no episódio final, quando em vez da coroa de espinhos, surge uma camisa de noite, perante um ambiente fervorosamente religioso. Eça exagera na utilização da ironia e da caricatura, sobretudo em relação às duas personagens mais relevantes, Teodorico e a sua tia, o que acaba por suavizar imenso a leitura.

As opiniões acerca desta obra são bastante desfavoráveis, principalmente se tivermos em conta a própria opinião do autor: "Este livro tem duas partes: a primeira é uma porcaria e a segunda é uma maçada". Outros críticos consideram-na: uma "experiência Malograda" e o seu enredo "vago, mal urdido, sem originalidade, quase inexistente".
Pessoalmente, considero que esta obra é de uma confusão absurda e excêntrica mais anormal do que se imagina, uma vez que há de tudo neste livro. No entanto, embora a história seja fantasiada, considero-a uma metáfora bastante actual, pois encontramos situações similares bastante reais nos dias que correm.

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