sábado, 27 de novembro de 2010

Um grito de frustração

As palavras que queremos dizer mas guardamos para nós, o que queremos fazer mas não fazemos, o que queremos sentir mas não nos permitimos sentir...
Gostaria de dizer que tudo o que referi cai no esquecimento, mas mentiria. Tudo isto, e muito mais, acumula-se no corpo, na mente e enche-nos a alma de gritos mudos.

O que não dizemos deixa aberto o passado, uma ferida, não permitindo que o futuro seja visto com total nitidez. O que não fazemos transforma-se numa insatisfação, tristeza e frustração, que nos martiriza ao longo do tempo. O que não nos permitimos sentir transforma-se numa nostalgia magoada que nos pode envenenar o sentimento se futuramente renovado.

Falem! Façam! Sintam!
Sem medos...

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A vírgula

Leiam a frase e coloquem na mesma uma vírgula: “Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura."

Já colocaram?

Denote-se que se o leitor for uma mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER; caso seja homem, colocou a vírgula depois de TEM. Ou seja, a colocação da vírgula acaba por depender da forma como o sujeito se enquadra neste quadro de referência.


Com esta espécie de curiosidade apenas queria relembrar a Língua Portuguesa e o quão importantes podem ser os pormenores que por vezes não notamos.

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Aalst, Bélgica

Depois de Bruxelas, foi tempo de seguir para noroeste e visitar Aalst.

A estação de comboios fica nas margens do rio Denver, cujo calmo caudal alberga vários barcos que oferecem serviços de restaurantes e bares. Ao passar ao longo das margens, fiquei chocada com a falta de zelo e o subaproveitamento das mesmas e, com um leve sorriso de satisfação, relembrei as margens do rio Tejo, em Abrantes.
Era tempo de explorar a cidade!

Aalst e o seu aspecto frio já não me surpreenderam, uma vez que se assemelhava a Bruxelas, no entanto, e à parte disto, a cidade não parecia estar em nada relacionada com a sua capital. A ausência de movimentação nas ruas, de barulho e de pessoas, fez com que por momentos, aos meus olhos, a cidade parecesse fantasma.
O meu pensamento acabou por ser afastado pelo apito do comboio e por um cheiro que reconheci como sendo pão acabado de confeccionar. Afastado aquele pensamento arrepiante, respirei fundo, olhei a cidade que parecia parada no tempo e aventurei-me pela rua mais próxima.

Sem mapa e sem sequer possuir uma leve noção sobre os monumentos mais emblemáticos a serem visitados, acabei por vaguear por avenidas, ruas e ruelas. Ao longo das ruas exaltavam-se prédios antigos, predominantemente de arquitectura gótica e na sua maioria conservados através do tempo, cujo rés-do-chão servia os mais variados tipos de lojas e pubs. Apenas um edifício destoava pela modernidade, embora se apresentasse sóbrio: a biblioteca.
Foi nessa altura que me apercebi que a rua estava enfeitada com os típicos cordéis com papéis coloridos, tão usados nas festas populares das aldeias portuguesas e pensei, para mim própria, que afinal não somos povos assim tão diferentes.

Tive sorte, pois a rua onde ingressamos dava acesso directo ao centro da cidade, um local que desde logo saltava à vista como sendo o ponto de encontro da grande maioria dos habitantes da cidade, independentemente da sua idade. Encontrava-me no Market Place, o coração daquela cidade. É uma enorme e simples praça, repleta de bares e restaurantes para todos os gostos e todas as carteiras, com espaço sobejo para os mais pequenos brincarem livremente.
Perto desta praça pude visitar alguns dos principais monumentos da cidade e, descobri mais tarde, a zona comercial, onde se encontram também algumas marcas de renome.

Não me podia esquecer de provar os chocolates que são realmente bons, como aliás é do conhecimento geral, mas foram os gelados da gelataria que se encontra no largo da Estação de Comboios que me satisfizeram, são divinais.
A título de curiosidade, nunca vi tantos cães numa cidade!

Embora me tenha aguçado a curiosidade e o balanço da viagem tenha sido notoriamente positivo, a Bélgica continua a ser um país que não me desperta grande interesse. De qualquer forma, esta foi uma forma de ver um pouco do coração da União Europeia e ver a pitoresca cidade de Aalst, que de outra forma provavelmente não visitaria.

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Bruxelas, Bélgica

Vários motivos deram origem ao cancelamento dos planos originais para as viagens de 2010, mas houve um ponto bastante positivo: a possibilidade de ocorrer uma viagem inesperada à Bélgica.
Assim foi!

Quase sem dar conta aterrei em Bruxelas, o centro da União Europeia, e automaticamente ocorreu-me que aquela poderia ser a cidade ideal para o André P. e o João S., tendo em conta que existem naquela cidade 400 tipos de cerveja.
O tempo era escasso, mas pude ter um vislumbre do que é a cidade através da abrangente rede de autocarros modernos que a serve (integrados com o metro e com hora certa para passar). Infelizmente, foi mesmo só um vislumbre e nem consegui tirar fotografias com qualidade.

Na memória trago as imagens das avenidas e o contraste, por vezes demasiado estrondoso, existente na arquitectura dos vários edifícios. No entanto, e sem qualquer estranheza, uma grande parte das minhas memórias está relacionada com as particularidades do trânsito, que tanto me relembrou Lisboa, como me fez sentir num pequeno mundo à parte.

Semelhanças
- O elevado tráfego, cujas longas filas se assemelhavam às da 2ª Circular em hora de ponta;
- Uma praça inteiramente tomada por carros, que me relembrou algumas fotos da Praça do Comércio datadas da década de 70.

(Boas) Diferenças
- As placas, que estão gravadas em duas línguas (o francês e o flamenco) e oferecem inúmeras indicações úteis, não só mas também, aos turistas. São tão escassas em Portugal.
- Um mundo para as bicicletas, existe um conjunto de infra-estruturas que permite aos ciclistas a inteira mobilidade pela cidade, não se resumindo as mesmas apenas a ciclovias e estacionamentos para bicicletas, existe também uma preocupação em relação à sinalização vertical e luminosa específica para bicicletas (mesmo sem existirem milhares de ciclistas). Algo que ainda não se vê pelas nossas cidades.
- O sinal verde, que abre para os pedestres e para os carros da rua transversal ao mesmo tempo, definindo-se a prioridade pelo que dita o código da estrada. Uma premissa bastante incumprida na Avenida da República por alguns automobilistas que vêm do Campo Pequeno.

Embora tenha encarado uma cidade tão formal e fria, não consegui afastar a sensação de que Bruxelas pode ser mais do que apenas o centro administrativo e político da União Europeia. Talvez por de trás da sua faceta monótona haja algo por descobrir...

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